"Diferenças entre as nuvens"



Nem todo o mundo entende de tudo que sonha.

Eu sou pequeno, moro longe, mas num longe para cima.

Morar para cima é exatamente o que se imagina, se quem está imaginando for também criancinha.

É morar no céu.

De verdade! morar na nuvem do céu, e ter vizinhos de nuvem.

O problema é que tenho medo de ficar sozinho.

Meu amigo do lado não enxerga, mas fala que eu devia ter coragem o tempo todo.

Eu respondo que 'já tenho!' por viver a vida sentado e não questionar os motivos.


Tenho minha cadeira, e meu amigo.

Meu amigo anda, e tem calmas frases para falar a cada vez que me apavoro...

Sim, nós moramos no lindo!

...

Ninguém aqui é perfeito.

Todos, como todos que existem no infinito - e eu insisto ser maior que o universo - , temos defeito.


Viemos assim, ou ficamos! por um acidente do tempo.


Não importa isso, se continuamos crescendo. Amando, entendendo...


Eu queria que meu amigo me visse, mas queria que ele jamais me visse chorando ou com medo. Eu sou menino valente, e sei das lendas de heróis com coragem.

Nós somos!
...

Ele não vê nada, porém fala o tempo todo que eu não consigo andar, porque é como se minhas pernas tivessem vindo sem pilha.

Só temo nunca ganhar um abraço de quem mora na nuvem da frente, abraço do meu! amigo que me ensina sábias coisas porque sou tão pequeno ainda...

Ele não, cresceu e soube entender dos defeitos, só não concorda com impossibilidades.

Isso, ele diz que não temos!

*Temos falta de facilidade*

Eu falava, ô, amigo cego, como faço pra te receber na minha nuvem?

Ele falava que não iria para que a nuvem não acabasse por causa da ausência dele.

Nuvens são fogo mesmo...


*Elas somem como mimos do vento.*


Meu amigo, de tanto eu insistir, um dia falou ‘eu já venho!’...

Não demorou nada, mas eu sou muuuito pequeno, e achei (como todo muito pequeno do mundo) que ele não voltaria nunca mais... E que eu perderia o parceiro...

Ele foi, meio longe, meio rente, voltou com algo que nem sabe o quanto brilha!

Voltou com o chão enrolado igual a tapete, e era o arco-íris!

Pena que ele não vê tantas cores...

E ainda bem que voltou com uma solução de enquanto esperei ansioso...

Ele estendeu o brilho no chão, e tateou até mim...

Aquilo, na minha opinião, é varinha de condão. Mas ele fala que é bengala para cego...

Uma bengala que o traz até mim, não é qualquer uma não, é de condão, e fim.

...

E... Quando chegou, falou, pode vir!

Eu desci da cadeira para um abraço feliz!

Eu sou fã das saídas que os bons de verdade, inventam...


É... Eu daria uma perna para o olho dele escolher uma cor e vê-la, ou daria só um dos meus tênis...

Mas ele... Me deu a sorte de ‘ter confiado’, e vai me ensinar a perder mais medo!

Depois disso, ele diz que eu cresci por ter esperado, e que ele não conta que até chorei esperando, como não contamos de quem amamos, suas simples dificuldades.

Eu vou falar certo, quando abracei meu amigo, vi um espetáculo de frase...
Dizia ela, que todas as diferenças brilham!

E para ele, eu li em voz alta.

(Olívia)

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